8 de julho de 2012

Ponte do diabo em Bobbio


Bobbio situa-se na margem esquerda do rio Trebbia, na Emília-Romanha, em uma área rica de água e povoada desde o neolítico. A sua história contudo é ligada à Abadia de São Columbano, fundada exatamente por ele em 614, após receber a doação do território do rei lombardo Agilolfo.
Ao redor do convento surgem as primeiras casa habitadas por civis e em 774 o Monastério de Bobbio transforma-se em monastério imperial. Além de enriquecer, os monges de Bobbio faziam a transcrição de antigos textos latinos e gregos, e graças a eles obras como “De Republica” de Cícero, as “Cartas” de Sêneca, entre várias outras obras, chegaram até nós.

Entre os principais locais a serem visitados, obviamente a Abadia deve ser o primeiro: o museu, recém ampliado e restaurado, possui obras notáveis e objetos de arte da época romana, medieval e renascentista. Na ala sul, chega-se ao Museu da Cidade, localizado em uma parte do prédio do século IX.
Na Emilia Romagna, bem próximo a Piacenza, está Bobbio com sua Ponte Gobbo - ponte corcunda - assim chamada devido ao seu perfil irregular que atravessa o rio Trebbia. Nas duas edículas do arco maior estão figurados Nossa Senhora da Ajuda e San Colombano.
A ponte também chamada de "Ponte del diavolo", guarda uma lenda. Para Bobbio era muito importante uma ligação com a outra margem do rio, que dava acesso às salinas termais, às termas da época romana, os fornos que produziam material para a construção, a ligação com a parte genovesa das posses do monastério.

Por causa do caráter torrencial, de cheias imprevistas e devastantes e com frequente deslocamento do leito de pedras do rio, tornava-se problemático atravessá-lo, sobretudo nos meses de Inverno. Assim, a ponte foi sendo construída aos poucos, com as cheias do rio obrigando a estender os arcos até a margem onde se encontra a cidade que ainda hoje só permite o transito à pé ou de bicicleta.
Diversas são as lendas que a construção de pontes na Idade Média, pois a construção e manutenção de uma ponte naquela época era obra de grande engenho. Habitualmente tinham como protagonista o diabo, pois juntar dois lugares que Deus ou a natureza quis separar, era visto por muitos como uma obra diabólica.
Colombano, era um monge irlandês que entre tantas outras igrejas e monastérios, construiu também a abadia e o monastério de Bobbio, na província de Piacenza, em torno da qual se desenvolveu a cidade. As lendas que resistem até hoje:
Um dia o diabo para chamar a atenção exibiu uma belíssima grade de ferro. Muitos ferreiros correram para ver e tentaram produzir uma grade igual, mas o segredo na confecção dos nós e a fineza do trabalho era impossível de imitar. Colombano idealizava a construção de uma ponte sobre o rio Trebbia, mas infelizmente o monge não conseguia coletar todo o dinheiro que necessitava para construir a ponte – que era considerada uma coisa do diabo.

Naquele momento o diabo se apresentou: “se você me prometer me dar a primeira alma que passar sobre a ponte, eu te ajudo a construi-la”. O monge concordou. Assim o demônio, acreditando ter derrotado Colombano, construiu a ponte. Uma vez concluída, Colombano jogou sobre a ponte um pedaço de pão e deixou que um cão corresse para abocanhar o pão. Com amargura e desilusão, o diabo insultava Colombano que seguia seu caminho.
Quando chegou ao Monte Penice, encontraram uma mulher que carregava um pouco de arroz no avental. Sem dizer nada, Colombano pegou um punhado e jogou contra o seu perseguidor. Os grãos de arroz invés de atingirem o perseguidor, se transformaram em pedras pretas formando grutas que aprisionaram o diabo. Essas rochas pretas ainda existem ainda e são chamadas "Pedras do diabo". San Colombano se tornou o protetor de Bobbio.

Segundo estudos de alguns pesquisadores essa ponte seria a do quadro mais famoso de Leonardo Da Vinci, Monalisa teria tido como paisagem Bobbio. Podemos notar que no fundo aparece uma ponte corcunda. Se é mais uma lenda para a cidade misteriosa ou é verdade talvez nunca saberemos, já que a lenda por trás do quadro é maior que a própria obra.

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