Entrevista do Mês: Jaciel Oliveira, o prazer de saber

Nome?
Jaciel Oliveira.

Onde você nasceu?
Recife-PE

Mora em?
Olinda-PE

O que você faz no momento?
Dentista, Professor Universitário e Mestrando.

Um erro?
Deixar de fazer por medo, não tentar. Errei por varias vezes em não fazer por receio das consequências.

Como esta seus planos para o futuro?
Tenho muito que viver, é o que penso. Quero viajar, conhecer lugares. Quero encarar aventuras e desafios profissionais e pessoais. Quero um amor, quero uma família. Mas não quero expectativas, estou tentando fazer a minha parte numa boa, aproveitando as oportunidades que aparecem e deixando (ou pelo menos tentando deixar) a vida acontecer no seu tempo.

Um momento que vale a pena lembrar?
Momentos inesquecíveis são muitos, como no listão do vestibular, a queda do amigo, o porre da amida, as aventuras em matos e trilhas, as viagens inusitadas, o abraço da pessoa amada e afago da mãe e avó, o sorriso do paciente, o agradecimento do aluno... Graças, são muitos momentos bons guardados com muito carinho. Mas lembro dos momentos ruins também, porque eles me ajudam a ficar firme e com os pés no chão.
Agora me veio na mente um beijo. O em sete de outubro de 2006, na sala de estudos. O primeiro beijo em uma das pessoas que mais gostei...

Uma alegria e uma tristeza?
Não precisa de muita coisa para me sentir alegre. Fico alegre cada dia que termino meu dia bem, que fiz tudo certo, dei o melhor de mim. Fico alegre quando alguém me surpreender, com a menor coisa, com a mais simples atitude. Fico alegre ao ver as pessoas que gosto bem e felizes. Fico alegre quando como bem.
Algumas coisas me deixam tristes, como algumas injustiças, a falta de maturidade e de respeito de alguns, que gera tanto preconceito. Uma desigualdade intelectual e social tão absurda. A falta de reconhecimento e ingratidão. Mas sem dúvidas, ver quem você gosta partir, é muito triste.

Quem gostaria de questionar e por quê?
Geralmente respeito muito que as pessoas defendem (claro que dou minha opinião) e suas atitudes (por mais que muitas vezes não concorde). Acho que um dia, cedo ou tarde, as pessoas se tocam de seus atos. A vida se encarrega disso. Não adianta forçar a maturidade de ninguém, há o tempo certo para tudo.
Mas uma vez namorei uma pessoa, que foi um momento incrível. Essa pessoa terminou comigo sem dizer nada. E eu gostaria de saber o motivo real (seja qual for...).

Até onde vai por amor?
Amor é uma entrega. Por amor, faço tudo, mas sem loucuras inconsequentes. Estou disposto em ir até o fim por aquele amor verdadeiro, sem obsessão. Mas sempre deixo livre para voar, porque tem que ser recíproco.

Como vê o preconceito?
Tenho agonia, sério mesmo. Quando vejo um preconceituoso, falando de forma tão imponente de algo que não conhece, sendo super injusto... “ai, me dá nos nervos”. Essas pessoas, sem noção nenhuma, julgam, apontam, traumatizam e reprimem outras pessoas sem piedade. E o pior, não olha para si, esquecem suas próprias vidas.
Odeio mesmo o preconceito. Assumo a seguinte posição: ‘se não conheço, fico quieto e procuro conhecer para ter alguma opinião... E mesmo quando não me agrada, respeito.

Um filme?
Curto muito ver filme... No cine, em casa, na casa de amigos. Não tenho um estilo preferido, desde que tenha sido bem produzido, atinja os objetivos e tenha história. Claro, uns não gostei, outros curti muito. Tenho uma lista grande de filmes que curti muito.

Um lugar que gostaria de conhecer?
Adoro conhecer lugares novos e agradáveis (quem não gosta). Tenho sonhos de muitas viagens, para lugares antigos, lugares modernos, lugares românticos, lugares históricos, lugares exóticos... Um dia gostaria de sair do planeta Terra!

Mudaria alguma coisa em você?
Não curto minha orelhas, as acho um pouco grande. Queria ser mais alto também e ter uma boca menor! (risos)

Um sonho?
Vários sonhos. Mas o maior: uma família, uma companhia para repartir tudo comigo, filhos, sobrinhos, um lar, viajar... Sair no final de semana, para uma noitada, uma festa, casa de amigos e anos depois comentar e rir.
Quero ser feliz, apesar de saber que ser feliz não é ter uma vida perfeita... Temos medos, problemas, dúvidas, fantasmas (risos)... Mas eu sei que ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões, medos e períodos de crise. Ser feliz não é uma fatalidade do destino nem algo impossível, mas uma conquista que só depende de nós e de quem jamais desiste de si mesmo.

Fonte de inspiração?
A minha maior fonte de inspiração são meus próprios sonhos... Mas a própria vida, com todas as suas belezas, o tempo também me inspiram muito. Cada vez que penso nos meus sonhos, nos meus desejos, ganho inspiração para fazer meus trabalhos, para continuar, para ler e escrever, sair, conhecer pessoas etc.

Uma música?
Algumas músicas e bem ecléticas. Tenho algumas músicas preferidas, e cada uma me faz lembrar um momento, uma pessoa, me desperta um sentimento. Mas se é para citar uma agora, falo de Felicidade, do Marcelo Jeneci.

Uma frase?
Três frases que lembro muito:
“Definir é limitar!”
“Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas!” De Antoine de Saint-Exupéry (“livro O Pequeno Príncipe”).
"... A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável, o sofrimento é opcional" (Drummond)

Vida?
Uma dádiva... É incrível... É massa viver e sentir a vida... Enquanto há vida, há, sem dúvidas esperança. Cara é bom demais viver. Sentir o vento batendo na pele, comer e beber, tocar, sentir, cheirar, ver, ouvir... Putz adoro sentir cada coisa dessas. Adoro conhecer pessoas. Adoro os desafios que a vida nos impõe, sempre aprendendo. Adoro viver e minha vida.

Amor?
O melhor sentimento quando é de verdade. Não é egoísta, não é interesseiro, é humilde, é prazeroso... Posso escrever um monte de adjetivos bons aqui...
Amor de mãe, amor de família... Amor de amigo... Amor de Amor... Amor ao que faz... Amor é sempre tão bom e te faz tão bem.

Respeito?
É básico em todo e qualquer tipo de relacionamento humano. Respeitar o próximo em sua totalidade é fundamental. Previne o preconceito, conserva os dentes e a saúde mental (risos). Uma questão de ética. Imponha-se, sem ser inflexível, respeite e será respeitado.

Dignidade?
Viver bem, respeitando o próximo e sendo respeitado. Sem fazer mal a ninguém. A partir do momento que você impõe respeito e conquista essa dignidade. Seja você quem for, ateu, cristão, roqueiro, deficiente, homossexual, rico, pobre... Ter o mínimo necessário para ter uma vida decente, com direito à educação, lazer, saúde.

Família?
A base. Fundamental. Fornece-te a estrutura primária do teu caráter te ensinando os princípios básicos da vida, da honestidade. Incondicional. Sorte aqueles que nasceram numa família bem estruturada (não falo financeiramente) e que estão do teu lado, independente de tuas escolhas.
A minha é família é “loucona”, me divirto com eles. Temos nossas diferenças e atritos, mas nos amamos.

Ódio?
Só te faz mal.
Raiva e chateação é um sentimento mais comum em mim... Mas as poucas vezes que senti ódio, nossa, acho que foi pior para mim (físico e mental). Sinto ódio quando vejo algumas atitudes sem noção, injustiça, falsidade e egoísmo... Nessas situações, infelizmente, não me seguro e sinto ódio, mas respiro fundo, conto até 10 me acalmo e tomo alguma atitude.

Beleza é?
Sentir-se bem. Sabe quando você está tão bem que irradia isso para as pessoas em volta? Beleza vai além daquele padrão estético que estamos acostumados. É singular, cada um tem a sua e é certo que essa sua beleza única toca e conquista alguém.

Força de vontade?
Quando você deseja muito uma coisa, define-a como objetivo e foca. O melhor, não fica parado esperando cair do céu, vai atrás para conquista-la. Não tem medo das dificuldades, das barreiras e as ultrapassa.
Bem, tenho muito dessas coisas em mim. Conquistei muitas coisas tendo que gastar muita energia, abrir mão de muita coisa e respirando fundo.

Qual o defeito ou erro de nossa juventude?
Impulsividade e ansiedade. Acho que é característica do jovem, em qualquer época.

O que você sonhava em ser quando criança?
Já quis ser muitas coisas (dentre elas dentista e professor, o que sou hoje). Mas queria muito mesmo ser piloto de avião comercial. Nossa... E às vezes me pego pensando nisso, fazendo voos para rotas nacionais e internacionais. Pilotando grandes aeronaves.

Uma vaidade?
Quase todas. Vou para academia (ou tento). Gosto de me sentir bem nas roupas, na aparência. Gosto de está com um cabelo legal, uma pele legal, uma cara de não cansado. Gosto de comer bem (mas topo quase tudo). Gosto de bons lugares também (mas topo quase tudo também).

Um herói?
Tenho heróis de filmes e desenhos animados. Mas também tenho heróis reais... Algumas pessoas públicas, que fizeram grandes coisas pela nação ou pelo povo. E alguns heróis desconhecidos, que vivem perto de mim.

Sexo? 
É bom, eu gosto, libera neurotransmissores que dão muito prazer, emagrece, faz bem para a pele, para os músculos, ossos e articulações! (papo de professor de Anatomia... risos)
Mas faz parte com toda certeza. Alguns fazem sem compromisso (já fiz, é bom, mas não curto muito), outros fazem dentro de um bom relacionamento (eu prefiro).
Existem de várias formas e tipos, e em vários locais. Dependendo da pessoa, eu topo experimento e tento inventar! (risos)

Qual a coisa mais inútil que existe?
Fiquei pensando em várias coisas, ideias, leis, objetos, lugares etc. etc. etc. Não me lembrei de nada totalmente inútil. Algumas coisas são bem destrutivas, mas ainda sim se pode tirar um bom proveito delas. Acho que o segredo é saber usar e aplicar, e no fim tudo acaba tenho uma função.

De que forma avalia seus atos?
Procuro sempre ser bem autocrítico. Sempre que dar, para pensar nas minhas atitudes, e penso como seria se tivesse feito algo diferente. Mas procuro não me arrepender das minhas escolhas e ações... Por isso tento sempre pensar bem antes.
Também escuto muito as pessoas que eu sei que gostam de mim, amigos e família. Sei que a opinião deles conta e pesa bastante. Dessa forma vou avaliando minhas ações.

Drogas?
Nunca usei ilícitas. Tenho amigos e parentes que já usaram. Não aconselho usar, mas não julgo quem já usou. Só não pode tomar conta e controlar a sua vida. Viver em função da mesma. O ser humano é curioso, gosta de experimentar... Mas cuidado ao fazer isso, seja forte.

Eutanásia contra ou a favor?
Essa é uma questão delicada, tantas polêmicas. É difícil alguém optar pelo encerramento da vida de outra pessoa ou da sua própria vida. Não sou a favor de sofrimento, de angústia, da dor. Se realmente a situação não tem mais jeito, desde que bem diagnosticado e atestado, não vejo razão para prolongar um sofrimento. Claro, muitos acreditam em milagres também. Já vi partir pessoas bem próximas (avó, primos, tios), e dói. E sei que algum deles, se tivesse sobrevivido, estariam muito infelizes com as sequelas físicas e mentais.
Sou pesquisador e muitas vezes precisamos eutanásia alguns animais. E dói também. É um ser vivo. Por mais que seja pelo bem da ciência, de bons estudos e para ajudar outros animais no futuro.
Enfim, acho que há casos e casos, e depende do ser em questão, da situação, da família...

Qual sua religião?
Eu nasci e fui criado na religião Católica Apostólica Romana. Já fui muito à Igreja, fui batizado e fiz primeira comunhão. Hoje não prático, mas acredito em Deus. Olho para as outras religiões, suas doutrinas e vejo coisas boas em muita coisa. Respeito muito a religião dos meus semelhantes, sem preconceitos e aberto para ouvir. Assim como também respeito os que não acreditam em nada. Acho que importante mesmo é está bem, viver bem e fazer o bem para si, para os outros e para a sociedade.

O que faz seu pensamento entrar em confronto com seu coração?
Expectativas e a realidade. Ao longo do tempo, vamos vivendo certas experiências, umas boas, outras bem desagradáveis. Criamos muitas expectativas com o novo, com a possibilidade. Mas, depois de vivências frustradas, vêm as lembranças e o banho de realidade. Então paro, ponho os pés no chão e deixo as coisas rolarem, no seu tempo, esperanto tudo de bom, mas também sabendo que pode não ser tão bom.

De que forma você entende a sustentabilidade, ecologia?
Já assistiram o documentário “A Era da Estupidez”? (muito bom).
Consumimos, consumimos, consumimos... Estimulados pela mídia e pelo capitalismo. Tudo novo. Tudo muito frágil e que se quebra fácil. Uso de recursos energéticos, uso abusivo de recursos naturais. Estamos caminhando para o caos. Lembro-me de paisagens da minha infância que hoje mudou completamente (para pior).
Sou meio suspeito (fiz metade da graduação em Ciências Biológicas), mas acho que na natureza tudo funciona perfeitamente bem. Uma bela harmonia entre animais, vegetais, fungos, protozoários e bactérias. Mas parece que o bicho homem quebra de alguma forma, e na maioria das vezes, essa harmonia. A sustentabilidade é preciso para equilibrar e, assim, todos viverem bem.

Um mico?
Ser acusado de assedio sexual no ônibus. Definitivamente foi horrível. Ainda bem que a galera do busão viu que eu era inocente e me defendeu.

Jaciel por Jaciel?
Uso uma frase que acho muito massa: “definir é limitar!”

Tudo é tão relativo, a vida é dinâmica. Crescemos, conhecemos novas coisas, novos lugares, novas experiências. Erramos e aprendemos com os erros. Mudamos de opiniões, enjoamos de comidas, roupas, da rotina. Amadurecemos, experimentamos sentimentos novos. Às vezes agimos por conveniência. Outras vezes por necessidade. Enfim, apesar desse dinamismo todo, guardo uma essência. Cada momento é um momento.

Sou tranquilo, sonhador, gosto de planos, adoro a família, o lar, o que faço. Mato e morro pela família e amigos. Adoro sorrir de forma bem espontânea. Um amante da vida.

Estou estudando para ter estabilidade na vida. Adoro sentar num bar, na rua, na areia da praia, jogar conversar fora, falar mal e bem de todos, de elogiar meus amigos, de abraçar as pessoas amadas. Gosto de elogios e tenho maior vergonha de paquerar, ganhar e dar presentes.

Jaciel é um homem, assim como qualquer outra pessoa, dotado de conflitos, mas que não os deixa se sobrepuser e procura ser feliz com eles. Tem um jeito sério de ser, mas trás uma pessoa hilária e sagaz. Tenho momentos tristes, mas sempre procuro mostrar-me uma pessoa que contagia todo mundo... Com meu sorriso, com minhas brincadeiras, com minhas risadas gostosas, com meu  carinho... E sempre o Jaciel alegre aparece.

Não sou perfeito, já fui traído, e acabei traindo (me arrependo). Já fui forte, fui fraco. Rezo (na maioria das vezes quando estou enrascado) e desejo. Sorrio quando gosto choro quando minha alma precisa (mas não na frente das pessoas). Fiz merda e não pretende repeti-las. Minha vida profissional e pessoal jamais é usada como cartão de visitas, logo não gosto nem pretendo expô-la para qualquer um. Não sou santo, nem algoz de mim e de ninguém. Tenho mania de arrumação, tento fazer as coisas perfeitinhas e sou meio orgulhoso. Mas sei pedir desculpas, sou humilde e muito claro (falo o que penso).

Ainda quero viajar o mundo e experimentar todas as sensações que puder. O meu inglês só é suficiente para pedir um Big Mac. Nem lembro mais do francês, muito menos do espanhol. Não entendo muito de internet, vídeo game e novas tecnologias. Tenho dor de cabeça, dor de barriga e câimbra. Quero ler muitos livros, ver muitos filmes e séries, e escutar muitas músicas.

Cuido do corpo, não para ficar saradão, mas para ficar razoável. E como com moderação, e ainda assim não consegui cortar a carne, chocolate e a cerveja (acho que nem pretendo). Canso quando corro e quando durmo tarde. Não curto muito a política. Fico puto com a rotina, com a falta de educação do nosso povo, com a falta de respeito com nossos idosos, crianças e animais.

Enfim... E ainda sou mais que isso, pois como disse definir é limitar. Não nascemos especiais... Tornamos-nos especiais!



"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer por que no momento em que tento falar não só exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."
... (Clarice Lispector)