22 de junho de 2011

Mito, homem, artista: This is it



Há quem tenha bons motivos para associar o fim da indústria da música à morte súbita de Michael Jackson, no momento em que ele se preparava para uma temporada de shows em Londres – e encerraria a carreira, com o show This is it. "Este será o pano final de minha carreira", disse ele no início de junho em Los Angeles, diante de uma multidão de fãs. "Eu amo tanto vocês, amo mesmo". O mundo do pop tal como conhecíamos também estava se preparando para dar adeus. Michael queria usar a temporada em Londres para arrecadar US$ 50 milhões e assim abater parte de suas dívida. Sim, o rei do pop estava quebrado quando morreu. A indústria da música também. 

Por isso, a associação entre pop e Michael é quase automática. Tanto a carreira de Michael como a indústria da música comercializada pelos meios tradicionais vinham passando por um declínio alarmante. Michael não gravava desde 2001 – seu último disco, Invincible, foi lançado em 2001, com uma vende medíocre – de 1.1000 de exemplares – se comparada à de Thriller (1982), que vendeu nas primeiras semanas do lançamento 36 milhões de cópias em vendas domésticas, 65 mihões mundialmente e chegou no seu jubileu de prata a 109 milhões, o recorde absoluto de vendas de disco da história, bem acima dos concorrentes The Dark Side of the moon, da banda Pink Floyd, Back in Black, da banda AC/DC e The Greatest Hits
, de The Eagles, todos na faixa de 40 milhões de cópias. De superastro, ele passou a ser estigmatizado com as diversas acusações e processos de pedofilia, a partir dos anos 90. 


Um ano depois, a situação financeira do espólio de Michael Jackson é outra. Segundo estimativas da Billboard, que procurou a indústria da música, da TV e do cinema para fazer as contas, o astro arrecadou notáveis 1 bilhão de dólares (cerca de 1,773 bilhão de reais), da data da morte até 21/06/2010.
 
Desde junho, o astro vendeu cerca de 9 milhões de discos nos Estados Unidos. Fora desse país, as vendas bateram os 24 milhões no ano passado. O preço médio de cada CD é de 12 dólares - o que lhe rendeu, no total, algo como 383 milhões de dólares. Somando a isso as vendas de faixas digitais, os toques de celular e outros produtos do tipo, a Billboard chegou ao número de 429 milhões de dólares - somente para comercialização de música.

Depois das músicas, Michael Jackson: This is It, o documentário sobre o ensaio do show que nunca houve, lançado em 28 de outubro de 2009, é o segundo colocado no ranking de arrecadações. Ao todo, ele trouxe ao espólio 392 milhões de dólares.

A conta é minuciosa e prevê, por exemplo, a valorização de bens existentes e até lançamentos futuros. A Mijac, gestora dos direitos autorais do catálogo do cantor, valia 75 milhões de dólares em 2005. Hoje, pode ser vendida por 150 milhões. O contrato de lançamento de álbuns, pela Sony Music Entertainment, até 2017, deve garantir ganhos de algo entre 200 e 250 milhões de dólares.

O valor mais interessante, porém, não é o maior. Cerca de 6,5 milhões de dólares dizem respeito aos milhares de ingressos da turnê This is It. Em vez de reclamarem o reembolso, um direito garantido pela organização do show, muitos dos fãs preferiram guardar o tíquete como lembrança. Ponto para o espólio.

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