22 de abril de 2016

Prince morreu aos 57 anos em seu estúdio de Paisley Park, em Minneapolis


Ícone incontestável do pop, o cantor Prince morreu aos 57 anos nesta quinta-feira em sua casa de Paesley Park, em Minneapolis, confirmou sua assessora à agência AP. Faz só em alguns dias, no 15 de abril, ele havia ingressado de urgência em um hospital em função de uma forte gripe e foi liberado dois dias depois. Prince chegou a dar um concerto para mostrar que já estava em plena atividade, mas hoje foi divulgada a notícia da sua morte.

De acordo com informações do site TMZ na semana passada, Prince estava há várias semanas lutando contra uma persistente gripe que, no começo do mês, o obrigou a cancelar dois shows. Apesar de ainda não estar totalmente recuperado, o artista realizou a apresentação agendada em Atlanta em 14 de abril. No dia seguinte, entretanto, quando voltava para casa, seu avião precisou realizar um pouso de emergência em Moline, Illinois, onde foi tratado durante três horas em um hospital. A causa da emergência médica não foi informada. A previsão era de que Prince retomasse suas atividades nesta quinta-feira, sempre de acordo com o TMZ.

Em novembro, Prince cancelou sua turnê europeia pelos atentados de Paris. “Devido aos trágicos acontecimentos de Paris, a ICO (agência organizadora da turnê europeia) nos comunicou sua decisão de adiar os shows de Prince na Europa até novo aviso”, explicou em um comunicado à imprensa a agência responsável na Espanha, Doctor Music. A turnê, chamada Prince Spotlight: Piano & A Microphone, foi anunciada pelo músico em Minnesota. Era uma turnê de formato inédito para ele, na qual se apresentaria sozinho, com um microfone e um piano de cauda.

O artista, cujo nome de nascimento era Prince Nelson, vivia no subúrbio de Minneapolis. Nos anos 90, Prince mudou seu nome pelo símbolo impronunciável “símbolo do amor” e tatuou em sua bochecha a palavra “escravo”, como forma de protesto pelas condições contratuais impostas por sua gravadora Warner. Também foi chamado “o artista antes conhecido como Prince” e pela abreviatura “TAFKAP”.

De qualquer forma, o músico foi uma figura incontestável da música popular dos últimos 30 anos. Não morre somente um grande músico. Graças à sua visão inovadora e à sua poderosa estética, era um verdadeiro símbolo do pop. Durante a década dos anos oitenta, foi um dos artistas mais importantes e inovadores, dando forma no começo da década ao que ficou conhecido como o som de Minneapolis, que se caracterizaria por sua influência do funk e R&B dentro de uma concepção pop. Foi sua grande contribuição na década na qual o pop dominou as listas de sucesso. Alcançaria o auge de sua popularidade com o álbum Purple Rain (1984), um dos discos mais emblemáticos de uma década que influenciaria toda uma legião de artistas e grupos nos anos seguintes.


Cinco vezes em que Prince rompeu absolutamente todas as regras

Quando desmontou todas nossas ideias a respeito de como devia se vestir um cantor afroamericano

Na hora de se vestir, Prince jogava com a fusão entre os gêneros. É verdadeiro que oglam dos setenta (Bowie) e a cultura funk experimentava a androginia, o kitsch e a provocação, mas Prince o levou a um nível diferente graças a sua repercussão pública. Na capa do monumental Lovesexy (1988) aparecia completamente nu, recostado entre flores gigantes e com uma pose plenamente feminina. Ao longo dos anos, jogou com a bijuteria, os lenços, o couro, as peles e a estética do rock. Em contraste a sua inegável heterossexualidade e sua estatura diminuta (não chegava a 1,60), o efeito era chocante e pura provocação. Este choque estético correspondia exatamente aos temas eróticos que interpretava com sua característica voz de falsete. Barba, bijuteria e maquiagem. Uma obra mestre da estética pop.

Quando se aproximou das mulheres com mais talento de sua época

Prince sempre foi um personagem polêmico, mas ninguém nega que, em certos aspectos, era bem mais moderno que alguns de seus contemporâneos. Por exemplo, no que diz respeito aos músicos aos quais se aproximava: foi um dos primeiros artistas comerciais a colocar uma mulher na bateria, a extraordinária Sheila E. Também impulsionou a carreira de bandas femininas como Vanity 6 ou Apollonia. E um de seus hits mais famosos, Alphabet St., é indissociável do rap da cantora Cat Glover.

Quando transformou Mineápolis em um símbolo da cultura funky

Antes de Prince, poucos sabiam que Mineápolis é a cidade mais povoada de Minnesota. O cantor reivindicou as raízes culturais de sua cidade natal e estabeleceu ali sua base operativa, Paisley Park, um complexo arquitetônico onde vivia, gravava seus discos e também oferecia shows ocasionas. Já nos anos 80, o som Minneapolis serviu para definir uma mistura de funk, rock e r&b plenamente vinculado ao som inaugurado por Prince em Dirty Mind (1980).

Quando mudou seu nome por um símbolo

Aconteceu em 1993, quando litígios com sua antiga gravadora o levaram a um beco sem saída; não podia empregar seu nome artístico para nenhuma ação comercial, de modo que optou pela inovação. Passou a chamar TAFKAP (O Artista Anteriormente Conhecido Como Prince, nas siglas em inglês) e, em última instância, adotou um símbolo impronunciável, metade manifesto andrógino (é em parte uma combinação dos signos masculino e feminino), metade ieroglífico (nos anos 80 houve uma grande corrente estética de inspiração egípcia no mundo do rap e o funk). Inclusive teve um caráter tipográfico próprio.

Quando ignorou todas as normas do mercado fonográfico

Prince nunca gostou das gravadoras nem das suas estritas regras. Faz parte da história da música sua lendária irritação com sua gravadora de sempre por não lhe permitir editar todo o material que produzia. Sua revanche foi Emancipation, um disco triplo de sonoridades épicas que celebrava sua libertação do sistema. Mais tarde voltaria a trabalhar com grandes companhias, mas sempre seguindo suas próprias regras. Em 2007, deu de presente seu disco Planet Earth junto com o jornal The Mail on Sunday. E nos últimos tempos apresentava novas gravações sem anunciá-las previamente, seguindo só seus critérios. Menção a parte merece seu célebre Black Album (1987), que oficialmente nunca foi à venda. As cópias promocionais de vinil, com uma embalagem preta que não aparecia nenhuma indicação, são hoje pura relíquia de colecionadores.

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