Nome?
Jhonatan Leal
Idade?
25 anos.
Mora onde?
Em Campina Grande, na Paraíba.
O que você faz no momento?
Estou terminando mestrado em Literatura e
Interculturalidade.
Um erro?
Ingenuidade... Acreditar demais nas pessoas é um erro que
pode trazer sérias consequências.
Como estar seus planos para o futuro?
Pretendo ingressar em um doutorado, me tornar professor
universitário e, quem sabe, escritor.
Um momento que vale a pena lembrar?
O dia em que fui aprovado no mestrado. O primeiro dia de
aula na universidade. A defesa da monografia. Minha primeira viagem com os
amigos da universidade. Minha primeira viagem dirigindo meu próprio carro. As
conversas na cama com a minha mãe. Todos os instantes vivenciados com o meu
amor.
Gostaria de conversar com quem?
Com Machado de Assis, com Eça de Queiroz, com J. K. Rowling,
com Clarice Lispector, com João Emanuel Carneiro... Passaria anos conversando
interruptamente com cada um deles. Perguntaria sobre suas histórias, como fora
o processo de criação de suas narrativas, onde buscaram inspiração para
personagens tão controversos e ao mesmo tempo carismáticos.
O que te faz feliz?
Inspirar pessoas exercendo o papel de professor. Ajudar os
outros a compreenderem a si mesmos e as relações em que estão inseridos... Sempre
por meio de narrativas.
O que te deixa triste?
A alienação juvenil. Uma geração inteira que pensa pouco lê,
pouco reflete pouco e vive de modo imediatista. O mesmo imediatismo com que
atualizam postagens no Facebook é o mesmo imediatismo com que conduzem suas
vidas: não estão interessados no amanhã. Querem saber apenas do agora, assim
como a cigarra inconsequente do conto de La Fontaine. Não queria ser esses
jovens no instante em que o “inverno” decidir chegar para eles. E ele vai
chegar.
O que desaprova no modo que as pessoas imaginam que você
seja?
Infelizmente não tenho o poder de saber o que realmente
pensam ao meu respeito. Mas acredito que tudo o que acharem sobre mim sempre
será pouco ou exagerado perto do que figuro na esfera da “realidade”, de modo
que sempre farão muitas suposições e poucas constatações.
Um sonho?
Chegar aos 80 anos e dizer: “É... sobrevivi!”.
Fonte de inspiração?
Machado de Assis, Pedro Almodôvar, Zeca Camargo, Fernanda
Montenegro, João Emanuel Carneiro, José de Alencar, Rick Martin, Oscar Wilde,
Clarice Lispector e J. K. Rowling.
Uma música que definiria o agora?
“Gitá”, do Raul Seixas.
Um filme?
“Cisne Negro”.
Uma frase?
“O desejo foi feito para desejar, não para realizar.” Freud.
Um livro?
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Um
livro para ser lido, relido e lido mais uma vez. A história do defunto autor (e
não de um autor defunto!) é genial tanto na sua forma quanto na sua temática.
Por meio do anti-herói Brás Cubas, um morto que decide narrar como fora sua
vida pouco estruturada, Machado desmascara a hipocrisia humana e expõe o quanto
somos mesquinhos, interesseiros, egoístas e inescrupulosos.
O que é uma boa leitura?
A boa leitura sempre será aquela capaz de mover o leitor de
lugar: seja o transportando para um universo diferente ao seu, provocando-lhe
abstração, seja o retirando de sua zona de conforto ao fazê-lo enxergar um
fato/tema através de novas perspectivas, provocando-lhe reflexão.
Qual o pior livro que leu?
“Às margens do rio Pietra eu sentei e chorei”, do Paulo
Coelho. Não por ser do Paulo, veemente perseguido pela crítica literária, mas
pelo livro em si: meloso demais, dramático em excesso, chato, enfadonho.
Como rever conceitos antigos?
Estando intelectualmente aberto, desarmado de preconceitos
morais, culturais e religiosos.
O que aguça sua mente?
Artistas e suas criações. Vejo os artistas como as pessoas
mais inspiradas e, consequentemente, inspiradoras que podemos ter ao nosso
redor para “reciclar” nossas ideias, projetos e relações.
Vida?
Um jogo no qual você não pediu para participar.
Amor?
Um antídoto que, na dosagem certa, pode lhe trazer a cura,
mas que em excesso, pode lhe ser fatal.
Respeito?
A “regra” encontrada pelo “jogo” para que seus
“participantes” não matassem uns ao outros.
Dignidade?
Uma forma de autopreservação essencial para quem deseja se
manter firme, equilibrado e orgulhoso das decisões tomadas.
Família?
Importante quando os membros possuem afinidades e interesse
genuíno pelo outro, mas desnecessária quando eles apenas se toleram.
Ódio?
Um sentimento inevitável quando se trata de relações
humanas, que deve ser controlado pelo sujeito ao invés de controlar as atitudes
dele.
Saúde?
Um bem que possui data de validade.
Beleza é?
Fundamental, como já dizia Carlos Drummond de Andrade. O
mundo sem o belo seria mais triste e desinteressante. O problema está em se
querer padronizar um ideal de beleza e querer que o aceitemos sem contestações,
ignorando o fato de ser a beleza algo extremamente subjetivo.
Força de vontade?
Acordar todos os dias para fazer as mesmas coisas,
repetidamente, em busca de um objetivo.
Um luxo e um lixo?
Luxo é poder ter alguém ou alguma coisa com que possamos
compartilhar nossas emoções. Lixo é achar que só podemos fazer isso se tivermos
o corpo do Rodrigo Santoro, um Iphone 5 e vestirmos Calvin Klein.
Sexo é bom quando?
Tem-se interesse pelo o que o outro representa, esteja esta
representação presa a um corpo, uma intelectualidade, uma profissão, uma
virtude do caráter ou a uma conta bancária. Mas é preciso haver interesse. Sexo
desinteressado é como beber café frio: não traz calor nem ao corpo nem ao
espírito.
O que mudou em seu pensamento nos últimos anos?
Percebi que nunca seremos livres. E essa descoberta, de
certo modo, me angustia.
Liberação da maconha?
Descriminalização da maconha. Os países que já
descriminalizaram, como a Holanda, obtiveram baixas consideráveis na
criminalidade.
Como avalia a política brasileira?
Uma política preocupada com números. Milhares de casas
construídas, milhares de universidades e hospitais erguidos, mas pouco
interesse na qualidade do que tem sido feito.
O que pensa do governo da Dilma?
“Ruim com eles, pior sem eles”. É inevitável não cairmos no
pensamento do senso comum e afirmarmos que infelizmente não temos políticos
capazes de nos representar da forma que deveriam. Dilma não tem sido uma grande
presidente, o setor educacional – único capaz de (re)construir o nosso país no
futuro – está mal administrado. Mas entre Dilma e as demais alternativas de
representantes políticos, ela ainda é a menos mal intencionada. Fernando
Henrique governava para a burguesia, o que era indiscutivelmente pior. Serra
faria o mesmo caso tivesse ganhado as eleições. Marina Silva, por sua vez, é fundamentalista.
E apesar de seu discurso pertinente acerca da sustentabilidade, acredito que
acabaria por se tornar uma forte representante da bancada evangélica no
Congresso Nacional – o que terminaria por afundar nosso país de uma vez por
todas.
O que pensa sobre o uso do ENEM como vestibular?
Gosto da proposta, mas acredito que ele poderia ser mais
criterioso. Tenho notado certa permissividade no ENEM, facilitando
demasiadamente o ingresso do estudante na universidade. Sei da importância de
termos alunos que não tiveram grandes oportunidades na educação básica no
ensino superior. Mas temo os efeitos dessas medidas em longo prazo.
Aborto é permitido quando?
Quando não se encontra ninguém que possua interesse
verdadeiro em criar a criança com afeto e dedicação. Se houver uma única pessoa
– ainda que sem laços consanguíneos com os pais biológicos – desejando cuidar
com responsabilidade do bebê em formação, seu assassinato já não é justificado.
Sobre a copa no Brasil acha que estamos preparados?
Estamos. Somos oficialmente a terra do pão e circo. O Brasil
é o país que possui mais feriados no mundo. Nos divertimospara trabalhar, ao
invés de trabalhar para só então buscar se divertir. Idolatramos o carnaval e
inventamos qualquer motivo para imprensar datas comemorativas com dias oficiais
de trabalho. Com o nosso “jeitinho brasileiro”, burlamos regras, compramos
atestados falsos para faltar no emprego e inventamos mentiras para justificar
faltas para professores. Tudo em nome da festa, da vadiagem, do ôba-ôba. Nunca
estivemos tão preparados para sediar o “carnaval futebolístico”, emblema de uma
cultura global alienada, que ignora assuntos verdadeiramente urgentes, como a
AIDS, a fome, a miséria, as guerras, e oportunismo religioso e o péssimo
investimento educacional.
Como vê o julgamento do STF sobre o mensalão?
A absorção dos julgados e condenados apenas expressa a
inescrupulosidade humana revelada por Machado de Assis, citada por mim
anteriormente.
Eutanásia você é contra ou a favor, e por que?
Sou totalmente a favor quando esse é um desejo expresso pelo
paciente. O próprio Freud foi adepto da eutanásia. Cada um sabe a dor e o
prazer de ser quem é ninguém tem o direito de julgar ninguém que tenha cansado
ou desistido de viver.
Qual sua religião?
Sou deísta, o que, propriamente não me torna adepto de uma
religião. Acredito em uma “força” que, por falta de nome melhor, chamo de Deus.
Mas o meu Deus definitivamente não é o Deus cristão, pronto para anotar em seu
caderninho todo aquele que infligir suas regras para, posteriormente, querer
acertar as dívidas. O meu Deus é mais contemplativo e menos inquisidor.
O que te conquista?
Pessoas que se posicionam e vivem de acordo com as suas
próprias verdades, e não verdades pré-fabricadas por instituições,
personalidades e pela indústria cultural. Mas, no geral, gosto de pessoas que
sabem se posicionar. Não confio em quem se dá bem com todo mundo ou vive de
“servir a diferentes senhores”.
De que modo age quando é contrariado?
Fico isolado até encontrar uma forma inteligente de me
posicionar frente ao problema.
Uma loucura que fez por amor?
Passei por cima de algumas convicções, o que, de fato, é uma
loucura e eu espero não fazer por mais ninguém. Já no que se refere às
demonstrações de amor, não as vejo como loucuras, e estou sempre buscando
formas – muitas delas não convencionais – para expressar meu bom sentimento.
Mas para manter a originalidade das minhas ideias, prefiro não compartilhá-las
(risos).
Um mico?
Ter gravado algumas “novelas” em que atuo com alguns amigos
e postado no youtube. Micos com amigos são sempre os melhores.
Jhonatan Leal por Jhonatan Leal?
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